Vivendo em Sociedade

São múltiplas as facetas que dominam o tema Sociedade. Nesta recolha de textos, o papel das castas é dominante nos assuntos relacionados à sociedade. Elas são o ponto de inflexão central entre religião, cultura e cotidiano; de sua afirmação, seja no texto de manu ou no mahabharata, ou de sua negação, na visão budista, nasce o confronto destas duas visões filosóficas tão caras a esta civilização. Seguem-se dois textos mostrando o que vêm a ser o papel de um chefe de família na índia, tanto na visão hindu quanto na visão budista. Junto a eles, os deveres de uma mulher, proposto no manavadharmashastra, dá nos uma idéia da evolução do papel feminino nesta sociedade nos tempos antigos. Já a China tem seu cotidiano e a sociedade narrados na visão dos ritos, dos costumes, elaboradamente preservados por Confúcio e sua escola. Distantes de uma possível visão religiosa – ou se esta está presente, o faz de um modo velado, quase inacessível, senão na ocasião dos sacrifícios reais e aos ancestrais, ou nas cerimônias de luto - , a vida chinesa nos é contada por poemas e prosas destinadas especificamente a este fim. Inicialmente, vemos uma ode destinada ao rei lavrador, um ato simbólico que o soberano realizava no início do período da primavera, sulcando a terra para dar início aos trabalhos de plantio; depois, um poema de uma mulher divorciada, apresentando as tensões de uma sociedade que se pretendia cada vez mais misógina; os lamentos da miséria reinante por um funcionário local; e os cantares que mostram como se dava o trabalho nos campos ao longo do ano. Numa mudança de foco, Confúcio nos apresenta uma visão rápida sobe outros povos sinizados, a compreensão da diferença; depois, os deveres de obrigação universal – ou melhor, social. Zhuangzi nos mostra uma visão da sociedade como um condicionamento problemático, uma perda da simplicidade original; já o Neijing nos proporciona uma visão médica da civilização antiga, por meio de uma filosofia da saúde, narrando o ciclo da vida humana. Para finalizar, mais alguns textos sobre o cotidiano chinês antigo: as queixas contra um esposo violento, uma declaração real contra a embriaguez, outra contra o luxo, um texto do Liji mostrando como se sabe se um povo é evoluído ou não; como surgiu a civilização (o conceito de Li, ou cultura) e um texto do Daxue (Grande Estudo), sobre o papel do indivíduo e do cultivo interior como fundamento da convivência social e humana.



31. A Criação do Mundo e a origem das leis e das castas no manavadharmashastra

Este universo existia na forma de Treva, impercebido, destituído de marcas distintas, inatingível pelo raciocínio, incognoscível, inteiramente imerso, por assim dizer, em sono profundo. Foi quando o Auto-existente divino, ele próprio indiscernível, mas tomando tudo isso, os grandes Elementos e o resto, discernível, surgiu com poder criador irresistível, desfazendo a treva.
Aquele que só pode ser percebido pelo órgão interno, que é sutil, indiscernível e eterno, que contém todos os seres criados e é inconcebível, brilhou por sua própria vontade.
Desejando produziu seres de muitas espécies com seu próprio corpo, ele primeiramente criou as águas com um pensamento, e pôs sua semente nas mesmas.
Essa semente se tomou um ovo dourado, em brilho igual ao sol; naquele ovo ele próprio nasceu como um brâmane, o progenitor de todo o mundo.
Dessa primeira causa, que é indiscernível, eterna e tanto real quanto irreal, produziu-se aquele homem que é famoso neste mundo sob o nome de Brahman.
O divino residiu naquele ovo durante todo um ano, e depois ele próprio, por seu pensamento apenas, dividiu-o em duas metades;
E dessas duas metades ele formou céu e terra, entre elas a esfera média, os oito pontos do horizonte e a morada eterna das águas.
Mas no início ele atribuiu seus diversos nomes, atos e condições a todos os seres criados, de acordo com as palavras dos Vedas.
O curso de ação que o Senhor de início indicou a cada tipo de seres, só esse fora adotado em cada criação posterior.
O que ele indicara a cada qual na primeira criação, nocividade ou inofensividade, gentileza ou ferocidade, virtude ou pecado, verdade ou falsidade, mais tarde se prendeu espontaneamente a cada um.
Como a alteração das estações, cada qual por sua própria conta toma suas marcas distintivas, do mesmo modo os seres corporais em novos nascimentos retomavam seu curso de ação indicado.
As diversas condições neste círculo de nascimentos e mortes sempre terrível e em constante transformação, a que os seres criados estão sujeitos, acham-se declaradas, para começar, com a de Brahman, e para terminar com a das criaturas imovíveis.
Quando aquele cujo poder é incompreensível produzira assim o universo, desapareceu em si próprio, suprimindo repetidamente um período por meio de outro.
Quando esse ser divino acorda, o mundo acorda; quando dorme tranqüilamente, o universo mergulha no sono.
Mas quando ele repousa em sono calmo, os seres corporais cuja natureza é a ação desistem de seus atos e a inerte se toma inerte.
Quando se acham absorvidos todos de uma vez naquela grande alma, aquele que é a alma de todos os seres dorme docemente, livre de todas as preocupações e ocupações.
Quando essa alma entra na treva, permanece por muito tempo unida aos órgãos da sensação, mas não executa suas funções, deixando então o arcabouço corpóreo.
Assim ele, o imperecível, despertando e dormindo alternadamente, revive e destrói sem cessar toda essa criação móvel e imóvel.
Mas ouçam agora a breve descrição da duração de uma noite e um dia de Brahman e das diversas idades do mundo, de acordo com sua ordem.
Eles declaram que a idade de Krita consiste em quatro mil anos dos deuses; o crepúsculo antes dela consiste em outras tantas centenas, e o crepúsculo seguinte no mesmo número.
Nas outras três idades, com seus crepúsculos antecedendo e seguindo, os milhares e centenas são diminuídos de um em cada.
Esses doze mil anos que foram assim mencionados como o total de quatro idades humanas são chamados uma idade dos deuses.
Mas saibam que a soma de mil idades dos deuses forma um dia de Brahman, e que sua noite tem a mesma duração.
Somente aqueles, que sabem que o dia santo de Brahman na verdade termina depois de completarem-se mil idades dos deuses e que sua noite dura outro tanto, são os homens conhecedores da duração dos dias e noites.
Ao final daquele dia e noite, aquele que dormia desperta e, depois disso, cria a mente, que é tanto real quanto irreal.
A mente, impelida pelo desejo de Brahman de criar, executa o trabalho da criação modificando-se, com o que o éter é produzido; eles declaram que o som é a qualidade deste último.
Mas do éter, modificando a si próprio, surge o vento puro e poderoso, veículo de todos os perfumes; a esse é atribuída a qualidade do tato.
Em seguida ao vento, que se modifica sozinho, sai a luz brilhante, que ilumina e desfaz a treva; a ela se atribui a qualidade da cor;
E da luz, modificando-se, produz a água, que tem a qualidade do paladar, e da água a terra que tem a qualidade do olfato; tal é a criação no início.
A idade mencionada antes, a dos deuses, ou doze mil de seus anos, multiplicada por setenta e um, constitui o que aqui se chama o Período de um Manu.
Os Períodos de um Manu, criações e destruições do mundo, são inúmeros; divertindo-se, por assim dizer, Brama repete isso infinitamente.
Na idade de Krita, Dharma tem quatro pés e é inteiro, e assim também é a Verdade; nem tampouco advém qualquer benefício aos homens por andarem eretos.
Nas três outras idades, devido a ganhos injustos, Dharma é sucessivamente privado de um pé, e pela existência de roubo, falsidade e fraude o mérito ganho pelos homens é diminuído numa quarta parte em cada um.
Os homens acham-se livres de doença, atingem todos os seus objetivos e vivem quatrocentos anos na idade de Krita, mas na idade de Treta e em cada qual das subseqüentes sua vida é encurtada de uma quarta parte.
A vida dos mortais, mencionada nos Vedas, os resultados desejados dos ritos sacrificais e o poder sobrenatural dos espíritos incorporados são frutos proporcionados entre os homens, de acordo com o caráter da idade.
Um conjunto de deveres é prescrito aos homens na idade de Krita, deveres diferentes na idade de Treta e na de Dvapara, e outra vez novo conjunto na idade de Kali, em proporção na qual tais idades diminuem em duração.
Na idade de Krita a virtude principal é afirmada como sendo a execução de austeridades, na de Treta o conhecimento divino, na de Dvapara a realização de sacrifícios, na de Kali somente a liberalidade.
Mas para proteger este universo Ele, o mais resplendente de todos, atribui deveres e ocupações separados aqueles que saíram de sua boca, braços, coxas e pés.
Aos brâmanes, ele atribuiu o ensino e estudo dos Vedas, sacrificando em seu próprio benefício e no de outros, dando e aceitando esmolas.
Aos xatrias, ele ordenou proteger o povo, dar presentes, oferecer sacrifícios, estudar os Vedas e abster-se de se prender a prazeres sensuais;
Aos vaixás, mandou tratar do gado, dar presentes, oferecer sacrifícios, estudar os Vedas, comerciar, emprestar dinheiro e cultivar a terra.
Apenas uma ocupação o senhor prescreveu aos sudras, a de servir humildemente aquelas outras três castas.
Nesta obra a lei sagrada foi inteiramente declarada, bem como as boas e más qualidades dos atos humanos e a regra imemorial de conduta, a ser seguida por todas as quatro castas.
A regra de conduta é lei transcendente, quer ensinada nos textos revelados ou na tradição sagrada; daí, um homem nascido duas vezes que possuir consideração para consigo próprio dever sempre ter o cuidado de segui-la.
A criação do universo, a regra dos sacramentos, os regulamentos do estudantado e o comportamento quanto aos Gurus, a regra mais excelente de banhar-se quando de volta da casa do mestre,
A lei do matrimônio e a descrição dos diversos ritos matrimoniais, os regulamentos para os grandes sacrifícios e a regra eterna dos sacrifícios funerais,
A descrição dos modos de ganhar a subsistência e os deveres de um snataka, as regras a respeito de alimento legal é proibido, a purificação de homens e coisas,
As leis a respeito de mulheres, a lei de eremitas, a maneira de conquistar a emancipação final e de renunciar ao mundo, todo o dever de um rei e a maneira de decidir questões judiciais,
As regras para o exame das testemunhas, as leis a respeito de marido e mulher, a lei de herança e divisão, a lei acerca do jogo e a retirada de homens nocivos como espinhos,
A lei sobre o comportamento de vaixas e sudras, a origem das castas mistas, a lei para todas as castas em tempos de dificuldade e a lei de penitências,
O curso triplo de transmigrações, o resultado de boas e mas ações, a maneira de atingir a ventura suprema e o exame das boas e mas qualidades das ações,
As leis primevas de países, castas, famílias, e as regras a respeito dos hereges e companhias de comerciantes e coisas afins - tudo isso Manu declarou nesses Institutos.


32. Sobre a Origem e Valor das Quatro Castas no Mahabharata

Brama criou assim anteriormente os Prajapatis bramânicos, penetrados por sua própria energia e em esplendor igualando o sol e o fogo. O senhor formou então a verdade, correção, fervor austero e os Vedas eternos, a prática virtuosa e a pureza para se atingir o céu. Formou também os deuses, demônios e homens, brâmanes, xátrias, vaixás e sudras, bem como todas as outras classes de seres. A cor dos brâmanes era branca, a dos xátrias vermelha, a dos vaixás amarela e a dos sudras negra. Se a casta das quatro classes for distinguida por sua cor, então se mostra observável uma confusão de todas as castas. O desejo, a raiva, o medo, a cupidez, a aflição, a apreensão, a fome, a fadiga, atingem-nos todos; pelo que se discrimina a casta, então? O suor, urina, excremento, fleuma, bílis e sangue são comuns a todos; todos têm corpos que degeneram; pelo que se discrimina a casta, então? Há inúmeras espécies de coisas que se movem e são estacionárias; como se pode determinar a classe desses diversos objetos?
Não há diferença de castas; tendo sido criado inteiramente bramanico de inicio por Brama, em seguida este mundo se separou em castas devido às obras. Aqueles brâmanes que gostavam o prazer sensual, ferozes, irascíveis, inclinados à violência, que tinham abandonado seu dever e apresentavam membros vermelhos, caíram na condição de xátrias. Aqueles brâmanes que extraíam sua subsistência do gado, eram amarelos, subsistiam pela agricultura e negligenciavam seus deveres entraram no estado de vaixás. Aqueles brâmanes que gostavam da maldade e falsidade, eram cobiçosos e viviam de todos os tipos de trabalho, eram negros e tinham abandonado a pureza, mergulharam na condição de sudras. Estando separados uns dos outros por essas obras, os brâmanes se dividiram em castas diferentes. O dever e os ritos de sacrifício nem sempre foram proibidos a qualquer um deles. São estas as quatro classes para quem o Sarasvati bramânico foi destinado de início por Brama, mas que, pela sua cupidez, caíram na ignorância. Os brâmanes vivem de acordo com as prescrições dos Vedas, e enquanto se atêm a eles e às observâncias e cerimônias, seu fervor austero não desaparece. E a ciência sagrada foi criada como a coisa suprema - aqueles que a ignoram não são homens nascidos duas vezes. Destes, há diversas outras classes em lugares diferentes, que perderam todo o conhecimento sagrado e profano e praticam quaisquer observâncias que lhes agradem. E diferentes espécies de criaturas com os ritos purificadores de brâmanes, e discernindo os seus próprios deveres, são criados por Rishis diferentes, através de seu próprio fervor austero. Esta criação, nascida do deus primaz, tendo sua raiz em brahman, indegenerável, imperecível, chama-se a criação nascida da mente, estando devotada às prescrições do dever.
Que é aquilo, em virtude do que um homem é um brâmane, um xátria, um vaixá ou um sudra? Dize-me, ó eloqüentíssimo Rishi. Aquele que é puro, consagrado às cerimônias natais e outras, que estudou completamente os Vedas, vive na prática das seis cerimônias, executa perfeitamente os ritos da purificação, come os restos das oblações, prende-se a seu mestre religioso, é constante nas observâncias religiosas e devotado à verdade, chama-se um brâmane. Aquele em quem se vêem a verdade, liberalidade, inofensividade, modéstia, compaixão e fervor austero, é declarado um brâmane. Aquele que pratica o dever advindo do cargo de rei, dedica-se ao estudo dos Vedas e tem prazer em dar e receber, a este se chama um xátria. Aquele que prontamente se ocupa com gado, é dedicado à agricultura e à aquisição e se mostra perfeito no estudo dos Vedas, denomina-se um vaixa. Aquele que habitualmente se inclina a todos os tipos de alimento, executa todos os tipos de trabalho, não é limpo, abandonou os Vedas e não pratica as observâncias puras, é tradicionalmente chamado um sudra. E isto que afirmei é a marca de um sudra, e não se encontra em um brâmane; um sudra assim continuará a ser um sudra, enquanto o brâmane que agir assim não será um brâmane.


33. A visão das castas para os budistas no Mojjhima - Nikaya

Eis, senhor, as quatro castas: a dos nobres, a dos pobres, a dos comerciantes, e a dos trabalhadores. Entre elas, duas têm a supremacia: a dos nobres e a dos sacerdotes: isto pelo modo com que se dirigem a seus membros, com que os saúda levantando-se e juntando as mãos em homenagem, e com que são tratados. Há cinco qualidades que devem ser procuradas: a fé, a saúde, a sinceridade, a energia, a sabedoria. As quatro castas podem ser dotadas das cinco qualidades que se deve procurar e recebem a bênção e a felicidade por muito tempo. E eu não digo que em seu caso que haja uma distinção em seu esforço. É como se se tivesse um par de elefantes domesticados, cavalos ou bois bem domesticados, exercitados; e um outro par não domesticado e não exercitado. O primeiro par seria contado como domesticado, atingiria o valor dos animais domesticados; o segundo, não. Da mesma maneira não é possível que o que se adquire pela fé, a saúde, a sinceridade, a ausência de velhacaria possa se obter onde há falta de fé, a má saúde, o engano, a velhacaria, a inércia, a sabedoria limitada. No caso das quatro castas se [seus membros] são dotados de cinco qualidades que se deve procurar, se eles fazem os esforços devidos, eu digo que neste caso não há diferença entre libertação e libertação. É como se quatro homens, um trazendo lenha bem seca, outro uma acha seca da árvore sãla, o terceiro uma acha seca de mangueira, o quarto uma acha seca de figueira, fizessem cada um fogo que produzisse calor. Haveria uma diferença entre os fogos produzidos por estas diferentes madeiras quanto à sua chama, sua cor, ou seu clarão? O mesmo sucede com o calor aceso pela energia e produzido pelo esforço. Eu não digo que haja diferença entre libertação e libertação.


34. Regras Para um Chefe de Família, no manavadharmashastra

Tendo morado com um mestre durante a quarta parte da vida de um homem, um brâmane deve viver a segunda parte de sua existência em sua casa, depois de ter-se esposado.
Um brâmane deve buscar um meio de subsistência que não cause dor aos outros, ou a menor possível, e viver disso, a não ser em tempos difíceis.
Para o fito de ganhar sua subsistência, seja-lhe permitido acumular propriedade seguindo essas ocupações irrepreensíveis prescritas para sua casta, sem fatigar demais seu corpo.
Que nunca siga os caminhos do mundo, para subsistir; que viva a vida pura, correta e honesta de um brâmane.
Quem desejar a felicidade deverá esforçar-se por ter uma disposição perfeitamente satisfeita e controlar-se, pois a felicidade tem o contentamento por raiz, sendo a indisposição a raiz da infelicidade.
Seja ele rico ou mesmo na dificuldade, que não procure a riqueza em atividades pelas quais os homens se dividem, nem por ocupações proibidas, nem tampouco aceite presentes de qualquer pessoa, seja lá quem for.
Que nunca se prenda, por desejo de desfrute, a qualquer prazer sensual, e que elimine cuidadosamente uma ligação excessiva ao mesmo, refletindo em seu coração sobre sua falta de valor.
Que evite todos os meios de adquirir riqueza que impeçam o estudo dos Vedas; que se mantenha de qualquer maneira, mas estude, porque essa devoção ao estudo dos Vedas garante a realização de seus objetivos.
Que ande aqui na terra, trazendo suas roupas, fala e pensamentos em conformidade com sua idade, ocupação, riqueza, sabedoria sagrada e sua raça.


35. Deveres das Mulheres no Manavadharmashastra

Por uma menina, uma moça ou mesmo uma mulher idosa, nada deve ser feito independentemente, nem mesmo em sua própria casa.
Na infância, a menina deve estar submetida a seu pai, na mocidade a seu marido; quando seu senhor morre, a seus filhos; uma mulher jamais deve ser independente.
Ela não deve buscar separar-se de seu pai, marido ou filhos; deixando-os, ela tornaria tanto sua própria família quanto a de seu esposo dignas de desprezo.
Ela deve ser sempre alegre, inteligente na direção das questões domésticas, cuidadosa com seus utensílios e econômica nas despesas.
Aquele a quem seu pai possa dá-la, ou seu irmão com permissão do pai, será obedecido por ela enquanto viver, e quando morrer, ela não devera insultar sua memória.
Com o fito de trazer boa sorte às noivas, a recitação de textos bendizentes e o sacrifício ao Senhor das criaturas são usados nos casamentos, mas o matrimônio pelo pai ou guardião é a causa do domínio do marido sobre sua esposa.
O marido que a esposou com textos sagrados sempre dá felicidade à esposa, tanto na estação quanto fora dela, neste mundo e no seguinte.
Embora destituído de virtudes, ou buscando o prazer noutro lugar, ou despido de boas qualidades, ainda assim um marido deve ser constantemente adorado como um deus por uma esposa fiel.
Nenhum sacrifício, voto ou jejum deve ser executado por mulheres separadas de seus maridos; se uma esposa obedece a seu marido, será por esse motivo apenas exaltada no céu.
Uma esposa fiel, que deseja morar com seu marido após a morte, jamais deverá fazer qualquer coisa que desagrade aquele que tomou sua mão, esteja morto ou vivo.
Se quiser, ela poderá emagrecer o corpo vivendo de flores, raízes e frutas, mas jamais deverá mencionar o nome de outro homem depois de ter morrido seu marido.
Até a morte deve ser paciente quanto as dificuldades, controlada e casta, e esforçar-se por cumprir aquele mais excelente dos deveres, prescrito as esposas que têm apenas um marido.
Violando seu dever com relação ao marido, uma esposa se desgraça neste mundo; depois da morte ela entrara no ventre de um chacal e será atormentada por doenças, a punição por seu pecado.
Aquela que, controlando seus pensamentos, palavras e atos, jamais rebaixar seu senhor, reside apos a morte com seu marido no céu, e é chamada uma esposa virtuosa.
Um homem nascido duas vezes, versado na lei sagrada, queimará uma esposa de casta igual que se conduza assim e morra antes dele, com os fogos sagrados usados para Agnihotra e com os artigos sacrificais.
Tendo assim no funeral dado os fogos sagrados a sua esposa morta antes dele, ele poderá casar-se de novo, e manter vivos os fogos.


36. Regras para um chefe de família budista, no Sutanippata

Direi agora a regra para os chefes de família e que ação convém a estes ouvintes, pois em suas ocupações nenhum deles saberia completamente se ajustar ao que é exigido dos monges. Que ele não mate as criaturas; que ele não incite a matar: que ele não aprove as que tiraram a vida; que ele deixe de lado toda a violência para com tudo o que vive, e para com tudo que resiste ou que treme neste mundo. Que o ouvinte começando a despertar se abstenha totalmente de tomar o que não é dado, não incite ninguém a roubar, não aprove o roubo: que se abstenha de todas as formas de roubo. Que se abstenha de toda a luxúria, como o sábio se afasta da fossa cheia de brasas: se ele não pode viver na continência, que ele não peque com a mulher do próximo. Indo à sala de reunião, à assembléia que ele não fale falsamente a outrem; que ele não incite outrem a mentir; nem aprove. Que se abstenha de tudo o que não é verdade. Que não tome bebidas embriagantes, o chefe de família que escolhe este dhamma! Que não incite outrem a beber nem aprove a bebida, sabendo que ela só pode terminar na loucura. Pois em verdade, os tolos que bebem, cometem más ações, e encorajam outros em suas loucuras; que ele evite este ciclo de atos maus, desatinados e mentirosos, delícias dos imbecis. Que ele não mate nem tome o que não foi dado: que ele não minta nem se embriague; que ele fuja das práticas nocivas; que ele não coma à noite de refeições inoportunas. Que ele não traga grinaldas nem use perfumes; se deite numa esteira estendida ao sol. É isso que se chama a óctupla observância, chamada pelo Desperto, para pôr termo ao mal. Segundo o dhamma ele servirá seus pais, mas o dhamma, exercerá seu ofício; chefe de família que leva esta vida sincera perguntará novamente aos devas chamados os Luminosos.


37. Ode ao rei que lavra a terra, pedindo um ano de abundância, no Shijing (Tratado dos Poemas)

Eles limpam o solo tirando a relva e os arbustos; e ei-lo que fica todo sulcado pelos arados. Em milhares, aos pares, tiram as raízes, alguns nas terras baixas e úmidas, outras ao longo do rio. São o dono e o filho mais velho; os filhos mais novos e todos os seus rebentos; os auxiliares mais fortes e os criados contratados. Como comem e saboreiam as viandas que trouxeram! (Os maridos) pensam amorosamente nas mulheres; (as mulheres) ficam bem perto dos maridos. (Então) com as afiadas relhas dos arados se põem a trabalhar nos acres que ficam ao sul. Semeiam várias espécies de grãos, cada semente contendo dentro de si um gérmen de vida. Em linhas perfeitas surgem as hastes e, bem nutridas, crescem bastante. O grão verde parece que vai abundar e os homens com enxadas passam por entre eles em multidões.
Depois vêm verdadeiras multidões de segadores. E o grão é em pilhado nos campos, miríades e centenas de milhares e milhões (de montes de trigo) ; para os espíritos e os espíritos doces, para oferecer a nossos ancestrais, homens e mulheres, e para suprir todas as cerimônias. Fragrante em seu aroma, adornando a glória do estado. Tal como pimenta com o seu cheiro, para dar conforto aos velhos. Não é somente aqui que há essa (abundância); não é somente agora que há um tempo como este: pois desde antigamente assim tem sido.


38. Poema de uma mulher divorciada, no Shijing

O vestido amarelo é sinal de distinção,
O verde, da desgraça.
Uso o verde e não o dourado,
E escondo o meu rosto.
Uso o verde do desprezo
Depois de tanto tempo usar o amarelo.
Medito nos ensinamentos dos Sábios,
Com medo de julgá-los errados.
Foi por ela que ele me cobriu de vergonha.
Sento-me e penso solitária.
Fico pensando se os Sábios conhecem
O coração de uma mulher.


39. Lamento de um funcionário sobre a miséria, no Shijing

Deus inverteu seu procedimento habitual e os humildes estão cheios de angústia. As palavras que pronunciais não são justas; os planos que traçais não são de grande alcance. Como não há sábios, pensais que careceis de guia. Não sois realmente sinceros. Por isso vossos planos vãos não seguem muito longe e por isso severamente vos censuro.
O Céu envia calamidades agora. Não sejais tão complacentes. O Céu produz agora essas perturbações. Não sejais tão indiferentes. Se vossas palavras fossem harmoniosas o povo se uniria. Se vossas palavras fossem suaves e bondosas o povo se tranqüilizaria.
Embora meus deveres sejam distintos dos vossos, sou vosso companheiro de trabalho. Venho para aconselhar-vos e vós me ouvis com depreciativa indiferença. Minhas palavras referem-se aos urgentes assuntos atuais. Não acrediteis que constituam matéria para riso. Os antigos tinham esta máxima: “Consulta os que apanham a erva e a lenha”.
O Céu exerce opressão, agora. Não vos burleis desse modo das coisas. Como ancião falo com sinceridade completa, mas vós, mais jovens do que eu, estais cheios de orgulho. Não é que minhas palavras sejam as da idade avançada, mas vós vos burlais do que é triste. Mas as inquietações se multiplicarão como chamas até que já não tenham remédio.
O Céu mostra agora seu rancor. Não sejais jactanciosos aduladores, afastando-vos completamente de toda conduta decorosa, até que os homens bons se convertam em personificações da morte. O povo agora suspira e geme e não nos atrevemos a examinar as causas do seu mal-estar. A ruína e a desordem esgotam todos os meios de vida e não nos mostramos bondosos para com as nossas multidões. O Céu ilumina o povo como a flauta de bambu responde ao silvo terrestre. Como as duas metades de um todo. Como ao tomardes uma coisa e a levardes na mão, levais sem mais rodeios. A ilustração do povo é muito fácil. Agora possui, por si mesmo, muitas perversidades. Não exibi diante dele vossa própria perversidade.
Os homens bons são uma vala. As multidões são muralha. Os grandes Estados são biombos. As grandes famílias, contrafortes. O cuidado da virtude assegura a tranqüilidade. O círculo dos parentes do rei é uma muralha fortificada. Não devemos deixar que seja destruída a muralha fortificada. Não devemos deixar que o rei esteja solitário e consumido pelo terror.
Venerai a cólera do Céu e não vos atreveis a divertir-vos por vosso prazer. O Grande Céu é inteligente e vos acompanha por toda a parte. O Grande Céu é clarividente e vos acompanha até nos vossos extravios e nas vossas indulgências.


40. Sobre o labor agrícola, no Shijing

Alegres são estes campos extensos, uma décima parte de sua produção é anualmente tomada como tributo. Com as velhas provisões alimento os agricultores. Desde os tempos de outrora temos tido anos bons e agora vou-me para as terras do sul onde uns extirpam as ervas daninhas e outros juntam a terra em torno das raízes. O milho parece exuberante e numa ampla clareira reúno e estimulo os homens que mais prometem.
Com meus vasos cheios de brilhante milho e meus puros carneiros vitimários, sacrificamos no altar dos espíritos da terra e nos altares dos espíritos das quatro regiões. O estado dos meus campos em tão boas condições, é o que enche de alegria os lavradores. Tocando os alaúdes e fazendo ressoar os tambores invocaremos o Pai da Agricultura e lhe imploraremos uma chuva suave, para aumentar o produto de nossas colheitas e tornar felizes meus homens e suas mulheres.
O longínquo descendente chega quando suas esposas e filhos levam o alimento aos que trabalham nas terras do sul. O inspetor dos campos também chega e está alegre. Toma o alimento à esquerda e à direita e prova-o para ver se é ou não é bom. O cereal está bem cultivado nos campos. Será bom e abundante. O longínquo descendente mostra-se satisfeito e estimula os lavradores a que se mostrem diligentes.
As colheitas do longínquo descendente parecem altas como tetos de colmo e altas como a coberta de uma carruagem. Empilham-se formando ilhas e montículos. Serão necessários milhares de celeiros, centenas de carros. O milho, o arroz e o painço provocarão a alegria dos agricultores e estes dirão: “Quiçá seja recompensado com uma grande felicidade, milhares de anos, vida sem fim!”


41. Outras gentes, no Zhongyong de Confúcio e Zisi

Disse o Mestre: ‘Todos os homens dizem: “Somos sábios”, mas se são empurrados e aprisionados numa rede, armadilha ou laço, não sabem como livrar-se. Todos os homens dizem: “Somos sábios” mas se lhes acontece escolherem o caminho do Meio não são capazes de aí permanecer nem por um mês. Zi lu perguntou sobre a energia.
Disse o Mestre: “Mencionas a energia do Sul, a energia do Norte ou aquela que tu mesmo poderias cultivar?”.
“Mostrar indulgência e doçura ao ensinar aos demais e não se vingar de uma conduta injustificada: esta é a energia das regiões meridionais, e o homem bom procura estudá-la. Estar sob o peso das armas e encontrar a morte sem lamentos: esta é a energia das regiões do Norte, e o homem forte a estuda. Mas o homem superior cultiva uma harmonia amistosa sem ser débil. Como é firme, na sua energia! Permanece erguido, ao centro, sem se inclinar para um nem outro lado! Como é firme, na sua energia! Quando no governo do seu país prevalecem os bons príncipes, não deixa de ser aquilo que era em seu refúgio. Quando prevalecem os maus príncipes no país, mantêm sem desfalecimentos seu caminho até a morte. Como é firme, em sua energia!”


42. Os deveres de obrigação universal, no Zhongyong

Os deveres de obrigação universal são cinco e são três as virtudes com as quais são eles praticados. Os deveres são os que existem entre o soberano e o ministro, entre pai e filho, entre esposo e esposa, entre irmão maior e irmão menor e os que correspondem ao trato entre amigos. Esses cinco são deveres de obrigação universal. O conhecimento, a magnanimidade e a energia são as três virtudes universalmente obrigatórias. E o meio pelo qual põem os deveres em prática é a simplicidade.
Alguns nascem com o conhecimento desses deveres. Alguns o conhecem através do estudo. Alguns adquirem esse conhecimento depois de um penoso sentimento de sua ignorância. Mas, uma vez possuído o conhecimento, o resultado é o mesmo. Alguns o praticam com naturalidade. Outros atraídos pelos seus benefícios. Outros, através de esforços enérgicos. Mas, uma vez praticados, o resultado é o mesmo’”.
Disse o Mestre: “Ser amante do saber é estar próximo do conhecimento. Agir com energia é estar próximo da magnanimidade. Possuir o sentimento da vergonha é estar próximo da energia”.
Aquele que conhece essas três coisas sabe como cultivar o caráter. Sabendo como cultivar o caráter, sabe como governar os homens. Sabendo como governar os homens, sabe como governar o reino com todos os seus Estados e famílias.”


43. A Visão da civilização em Zhuangzi

Os cavalos têm cascos para carregá-los por sobre as geadas e as neves e pêlo para protegê-los do vento e do frio. Comem relva e bebem água e retesando as caudas, galopam. Tal é a natureza verdadeira dos cavalos. Salões cerimoniosos e grandes mansões não são para eles.
Um dia Polo (famoso treinador de cavalos) apareceu dizendo - "Sei cuidar muito bem de cavalos". Assim escovou-lhes o pêlo e os tosquiou, aparou-lhes os cascos e os marcou. Pôs-lhes cabrestos pelos pescoços e grilhões em suas pernas e numerou-os, segundo os estábulos. O resultado foi que, em cada grupo de dez, dois ou três morreram. Depois, fê-los passar fome e sede, fê-los trotar e galopar e ensinou-os a correr em formação com a infelicidade de ostentar bridões com borlas na testa e recear o chicote com nós por trás, até que mais de metade morreu.
O oleiro diz "Sei trabalhar bem com o barro. Se o quero redondo, uso compasso; se quero retangular uso o esquadro". O carpinteiro diz - "Sei trabalhar bem a madeira. Se a quero em curva, uso o arco; se em linha reta, uso a régua". Mas como é que podemos pensar que a natureza do barro e da madeira desejam a aplicação do compasso e do esquadro, do arco e da régua? Não obstante, durante muitos anos Polo foi exaltado por sua perícia em treinar cavalos, e oleiros e carpinteiros por sua habilidade com o barro e a madeira. Os que dirigem (governo) os negócios do império cometem o mesmo erro.
Penso que aquele que sabe como governar o império não deve fazê-lo. Porque o povo tem certos instintos naturais - tecem as roupas e se vestem, lavram os campos e se alimentam. Esse é o instinto comum do qual todos têm sua parte. Tal instinto pode ser chamado "no Céu nascido". Assim, nos dias da natureza perfeita, os homens eram calmos nos movimentos e serenos no olhar. Naquele tempo não havia caminhos nas montanhas, nem botes ou pontes sobre as águas. Todas as coisas produziam-se naturalmente. Os pássaros e as feras se multiplicavam; as árvores e os arbustos medravam. Dessa sorte, acontecia que as aves e as feras podiam ser levadas pela mão e podia-se subir e espiar para dentro do ninho da pêga. Pois nos dias da natureza perfeita, o homem vivia junto com as aves e as feras e não havia distinção de espécie entre eles. Quem pode saber as distinções entre os gentis homens e os homens do povo? Sendo todos igualmente sem desejos, permaneciam num estado de integridade natural. Nesse estado de integridade natural, o povo não perdia sua natureza (original).
E depois, quando apareceram os Sábios, rastejando por caridade e mancando com o dever, a dúvida e a confusão entraram no espírito dos homens. Eles disseram que era preciso alegrá-los por meio da música e criaram as distinções por meio de cerimônias, e o império dividiu-se contra si mesmo. Sem cortar a madeira bruta, quem faria os navios de sacrifício? Se o jade branco não fosse cortado, quem poderia fazer as insígnias reais da corte? Não sendo destruídos Dao e a virtude, que utilidade teriam a caridade e o dever? Se não se perdessem os instintos naturais dos homens, que necessidade haveria de música e cerimônias? Se as cores não se confundissem, quem precisaria de decorações? Se as cinco notas não se confundissem, quem adotaria os seis diapasões? A destruição da integridade natural das coisas para a produção de artigos de várias espécies - eis a falta do artífice. A destruição de dao e da virtude a fim de introduzir a caridade e o dever - eis o erro dos Sábios. Os cavalos vivem em terra seca, comem relva e bebem água. Quando lhes agrada, esfregam os pescoços uns nos outros. Quando se encolerizam, viram-se e dão com os cascos uns nos outros. Até aí são apenas levados por seus instintos naturais. Porém, com bridão e freio, com uma placa de metal de feitio de lua sobre suas testas, aprendem a lançar olhares maldosos, a virar as cabeças para morder, a esbarrar no outro animal da parelha, a tomar o freio nos dentes ou fugir com a cabeça ao bridão. Desse modo, ficam com mentalidade e gestos iguais aos dos ladrões. Eis a falta de Polo.
Nos dias de Hexu os homens nada faziam de particular em seus lares e saiam a passeios sem destino. Tendo alimentos, regozijavam-se; dando pancadinhas na barriga andavam de um lado para outro. As capacidades naturais desses homens os levavam até aí. Os Sábios vieram depois e os fizeram curvar-se e abaixar-se com cerimônias e música, a fim de regular as formas externas de trato social e ostentaram a caridade e o dever diante deles com o fito de conservar-lhes os espíritos submissos. Depois o povo começou a trabalhar e desenvolveu gosto pela ciência, e começou a lutar entre si na ambição do lucro, para a qual não há fim. Eis o erro dos Sábios.


44. O ciclo da vida humana no Neijing

O imperador perguntou:
— Quando as pessoas envelhecem, não podem procriar filhos. É por terem exaurido a sua força na depravação ou por sorte natural?
Ch’i Po respondeu:
— Quando uma menina tem sete anos as emanações dos seus rins tornam-se abundantes, começa a mudar os dentes e o cabelo fica mais comprido. Quando perfaz o décimo - quarto ano começa a menstruar, pode engravidar e o movimento do pulso da grande artéria é forte. A menstruação ocorre em períodos regulares, e assim a jovem pode dar à luz uma criança.
“Quando a mulher atinge a idade de vinte e um anos, as emanações dos seus rins são regulares, o último dente saiu e está completamente desenvolvida. Quando a mulher atinge a idade de vinte e oito anos, os seus músculos e ossos são fortes, o seu cabelo atingiu o comprimento máximo e o seu corpo está vigoroso e fecundo”.
“Quando a mulher atinge a idade de trinta e cinco anos, o pulso que indica a região da ‘Luz Solar’ deteriora-se, o rosto começa a enrugar-se e o cabelo a cair. Quando atinge a idade de quarenta e dois anos, o pulso das três regiões do Yang deteriora-se na parte superior do corpo, o rosto tem rugas e o cabelo começa a embranquecer”.
“Quando atinge a idade de quarenta e nove anos, já não pode engravidar e a circulação do pulso da grande artéria diminuiu. A menstruação acaba, as portas da menstruação deixam de estar abertas; o corpo deteriora-se e a mulher deixa de poder gerar filhos”.
“Quando um rapaz tem oito anos, as emanações dos seus testículos (rins) estão completamente desenvolvidas; o cabelo cresce mais e começa a mudar os dentes. Quando tem dezesseis anos, as emanações dos seus testículos tornam-se abundantes e começa a segregar sêmen. Tem uma abundância de sêmen que procura expelir, e, se nessa altura o elemento masculino e o elemento feminino se unem em harmonia, pode ser concebida uma criança”.
“Na idade de vinte e quatro anos, as emanações dos testículos são regulares, músculos e ossos estão firmes e fortes, nasceu o último dente e o homem atingiu a altura máxima. Aos trinta e dois anos, músculos e ossos estão no apogeu, a carne é saudável e o homem é robusto e fecundo”.
“Na idade de quarenta anos, as emanações dos testículos diminuem, o cabelo começa a cair e os dentes a apodrecer. Aos quarenta e oito anos, o vigor masculino está reduzido ou esgotado, aparecem rugas no rosto e o cabelo das têmporas embranquece. Aos cinqüenta e seis anos, a força do fígado deteriora-se, os músculos deixam de funcionar devidamente, a secreção de sêmen esgota-se, a vitalidade diminui, os testículos deterioram-se e a força física do homem chega ao fim. Aos sessenta e quatro anos, perde os dentes e o cabelo”.
“Os rins do homem regulam a água que recebe e armazena a secreção das cinco vísceras e dos seis intestinos. Quando as vísceras estão abundantemente cheias, encontram-se aptas a segregar; mas quando, neste estágio, as cinco vísceras estão secas, os músculos e os ossos declinam, as secreções reprodutoras exaurem-se e, por isso, o cabelo do homem encanece nas fontes, o corpo torna-se-lhe pesado, a postura deixa de ser ereta e ele se torna incapaz de procriar.”
O imperador perguntou:
— Mas há homens que, apesar de velhos em anos, geram filhos. Como é isso possível?
Ch’i Po respondeu:
— Trata-se de homens cujo limite natural de idade é mais elevado. O vigor do seu pulso permanece ativo e há um excedente de secreção dos seus testículos. No entanto, se tiverem filhos, os varões não excederão os sessenta e quatro anos, e as filhas não ultrapassarão os quarenta e nove, pois nessa altura a essência do Céu e da Terra estará esgotada.
O imperador perguntou:
— Os que seguem o Dao, o Caminho Certo e atingem assim a idade de cerca de cem anos, podem gerar filhos?
Ch’i Po respondeu:
— Os que seguem o Dao, o Caminho Certo, podem escapar à velhice e conservar o corpo em perfeitas condições. Embora velhos em anos, continuam capazes de gerar filhos.
Huang Ti disse:
— Ouvi dizer que em tempos antigos houve os chamados Homens Espirituais, que dominaram o Universo e controlaram o Yin e o Yang. Respiravam a essência da vida, eram independentes por preservarem o espírito e os seus músculos e a sua carne permaneciam imutáveis. Podiam, portanto, gozar uma longa vida, pois não há fim para o Céu e a Terra. Tudo isso resultava da sua vida de harmonia com o Dao, o Caminho Certo.
“Nos tempos medievos existiram os Sapientes, que preservavam a virtude e defendiam (infalivelmente) o Dao, o Caminho Certo. Viviam de acordo com o Yin e o Yang e em harmonia com as quatro estações. Afastavam -se deste mundo e renunciavam à vida mundana, poupavam as energias e preservavam o espírito intacto. Viajavam por todo o Universo e eram capazes de ver e ouvir para além dos oito espaços distantes. Graças a tudo isso, aumentavam e fortaleciam a sua vida e, por fim, atingiam o estágio do Homem Espiritual”.
“Sucederam-lhes os Sábios, que alcançaram a harmonia com o Céu e a Terra e respeitaram estritamente as leis dos oito ventos. Eram capazes de conciliar os seus desejos com os assuntos mundanos, e o seu coração não conhecia o ódio nem a cólera. Não desejavam separar as suas atividades das atividades do Mundo e conseguiam ser indiferentes ao hábito. Não forçavam excessivamente o corpo no trabalho físico nem a mente em meditações extenuantes. Não se preocupavam com coisa alguma, consideravam fundamentais a felicidade e a paz interiores e a satisfação a mais elevada das realizações. Nada podia molestar-lhes o corpo nem malbaratar-lhes as faculdades mentais. Assim, conseguiam chegar à idade de cem anos ou mais”.
“Sucederam-lhes os Homens de Excelente Virtude, que obedeceram às regras do Universo e imitaram o Sol e a Lua, além de descobrirem a disposição das estrelas. Podiam prever o funcionamento do Yin e do Yang e obedecer-lhe, e aprenderam a distinguir as quatro estações. Respeitaram os tempos antigos e tentaram manter-se em harmonia com o Dao. Fazendo-o, aumentaram a duração da sua vida, até uma idade avançada.”


45. Queixa e apelo de Zhuang Qiang contra o mau trato que recebeu do esposo, no Shijing (tratado dos Poemas)

Ó Sol, ó Lua, que iluminais esta baixa terra! Aqui está o que não me trata de acordo com a antiga lei. Como pode ter a consciência tranqüila? Será que não me quer ver?
Ó Sol, ó Lua que dais sombra a esta baixa terra! Aqui está o homem que não me quer dar sua amizade. Como pode ter tranqüila a consciência? Será que não me quer corresponder?
Ó Sol, ó Lua, que vindes do Oriente! Ó pai, ó mãe! Para nada serviu o me haverdes criado. Como pode ter tranqüila a consciência? Será que não me quer corresponder, contra toda razão?


46. Contra o Álcool e a Embriaguez, no Shujing (tratado dos livros)

O rei fala do seguinte modo: “Fazei conhecer claramente minhas grandes ordens no país de Mei. Quando vosso venerável pai, o rei Wen, lançou as bases de nosso reino na região ocidental, fez declarações e admoestações aos príncipes das diversas regiões e a todos os altos funcionários, com seus ajudantes e os diretores dos negócios, dizendo dia e noite: “Devem ser empregados alcoóis nos sacrifícios”. Quando o Céu outorgou seu decreto favorecedor e assentou as bases da eminência do nosso povo, utilizavam-se as bebidas espirituosas unicamente nos grandes sacrifícios. Quando o Céu envia seus terrores e nosso povo se desorganiza consideravelmente com eles e perde sua virtude, pode-se atribuir invariavelmente ao seu abuso, de bebidas. Mais ainda, a ruína dos Estados pequenos e grandes, por esses terrores é invariavelmente motivada por sua culpa no uso de bebidas.

“O rei Wen admoestou e instruiu os jovens nobres que desempenhavam funções administrativas ou qualquer emprego para que não utilizassem ordinariamente as bebidas espirituosas e em todos os Estados exigiu que esses funcionários não bebessem a não ser por ocasião dos sacrifícios, e que então predominasse a virtude de modo a que não pudesse haver embriaguez”. Disse: “Ensine, meu povo, aos jovens, que unicamente devem amar os produtos da terra, pois assim serão bons seus corações. Ouçam os jovens atentamente as constantes recomendações de seus pais e contemplem todas as ações virtuosas, sejam estas grandes ou pequenas, a mesma luz, com atenção vigilante. Tu, povo da terra de Mei, se podes empregar teus membros, cultivando amplamente tuas lavouras e mostrando-te ativo no serviço de teus pais e irmãos mais velhos; e se com teus carros e bois transitas diligentemente até uma distância que te permita atender filialmente a teus pais, então teus pais serão felizes e poderás preparar clara e fortemente tuas bebidas espirituosas e utilizá-las. Ouvi constantemente minhas instruções, todos vós, meus altos funcionários e chefes de seção, todos vós, meus nobres principais; quando houverdes cumprido amplamente o vosso dever na atenção de vossos maiores e no serviço de vosso governante, podereis comer e beber livremente até saciar-vos. E para falar de coisas mais importantes: quando puderdes manter constantemente um exame vigilante de vós mesmos e vossa conduta esteja de acordo com a virtude correta, então podereis apresentar as oferendas do sacrifício e ao mesmo tempo entregar-vos às festividades. Nesse caso sereis verdadeiramente ministros que prestais o devido serviço ao vosso rei o Céu aprovará igualmente vossa grande virtude, de modo que nunca sereis esquecidos na Casa Real”.


47. Contra o Luxo, no Shujing

Disse o duque de Zhou: “Oh! o homem superior baseia-se nisto: não se entregar ao ócio luxurioso. Antes de mais nada, compreende que o penoso trabalho de semear e colher leva à fartura, assim como compreende que o povo humilde depende do trabalho para sua subsistência. Observou entre os humildes que quando os pais trabalharam diligentemente na semeadura e na colheita, seus filhos não compreendem com freqüência esse penoso trabalho e se entregam ao ócio e à vagabundagem aldeã e se tornam completamente desorganizados. Ou, quando assim não agem, desprezam seus pais, dizendo: “Estes velhos ouviram e nada sabem”.

O duque de Zhou disse: “Oh! Ouvi que noutro tempo Kung Zung, um dos reis de Yin, era sério, humilde, reverente e timoratamente prudente. Conformava-se reverentemente aos decretos do Céu e abrigava uma reverente apreensão no governo do povo, sem se atrever a abandonar-se ao ócio luxurioso. Assim desfrutou o trono durante setenta e cinco anos. Se passarmos à época de Zhou Zung, este trabalhou a princípio fora da Corte, entre as mais humildes criaturas. Quando subiu ao trono preferia não falar mas quando falava suas palavras eram cheias de harmoniosa sabedoria. Não se atreveu a entregar-se a um ócio inútil, presidiu admirável e tranqüilamente as regiões de Yin, até que em todas elas pequenas e grandes, não houve um só murmúrio adverso. Assim desfrutou o trono durante cinqüenta e nove anos. No caso de Zuxia, este se negou a ser rei injustamente e foi, a princípio, um dos mais humildes súditos. Quando subiu ao trono, sabia de que podia depender o povo de seu apoio e foi capaz de exercer uma bondade protetora para com as massas e não se atreveu a tratar depreciativamente os viúvos e viúvas. Assim desfrutou o trono durante trinta e três anos. Os reis que vieram depois gozaram a ociosidade desde o nascimento. Desfrutando a ociosidade desde o nascimento não conhecia o penoso trabalho de semear e colher e não haviam ouvido falar do árduo labor da gente humilde. Não aspiravam outra coisa senão um prazer excessivo e por isso nenhum deles viveu muito tempo. Reinaram durante dez anos, durante sete ou oito, cinco ou seis, ou talvez unicamente durante três ou quatro anos".


48. Sociedade e Educação, no Liji (manual dos Rituais)

Confúcio disse: Assim que entro num país, posso dizer facilmente o seu tipo de cultura. Quando o povo é gentil e bom e simples de coração, isto se demonstra pelo ensino da poesia. Quando o povo é esclarecido e cioso de seu passado, isto se demonstra pelo ensino da história. Quando o povo é generoso e disposto ao bem, isto se demonstra pelo ensino da música. Quando o povo é quieto e pensativo, com agudo poder de observação, isto se demonstra pelo ensino da filosofia das mutações (I Ching, ou Livro das Mutações). Quando o povo é humilde e respeitoso, sóbrio de costumes, isto se demonstra pelo ensino da li (princípio da ordem social). Quando o povo é culto na maneira de falar, ágil nas figuras e na linguagem, isto se demonstra pelo ensino da prosa (Chunqiu, ou Livro das Primaveras e dos Outonos). O perigo do ensino da poesia é que o povo continua ignorante ou demasiado simplório; o perigo do ensino da história é que o povo chegue a imbuir-se de falsas lendas e narrativas; o perigo do ensino da música é que o povo se se tornou extravagante; o perigo do ensino da filosofia é que o povo fique desnaturado; o perigo do ensino da li é que os rituais se tornem muito afetados; e o perigo do ensino do “Livro das Primaveras e Outonos” é que o povo se deixe contaminar pela confusão moral dominante.
Se um homem é gentil e bom e simples, mas não ignorante, decerto será profundo no estudo da poesia; se um homem é esclarecido e cioso do seu passado, mas não imbuído de falsas lendas e narrativas, decerto será profundo no estudo da história; se um homem é generoso e disposto ao bem, mas não extravagante em seus hábitos pessoais, decerto será profundo no estudo da música; se um homem é quieto e pensativo, com agudo poder de observação, mas não desnaturado, decerto será profundo no estudo da filosofia; se um homem é humilde e respeitoso e sóbrio em seus hábitos, mas não afetado nos rituais, decerto será profundo no estudo da li; e se um homem é culto na maneira de falar, ágil nas figuras e na linguagem, mas não contaminado pela confusão moral dominante, decerto será profundo no estudo do Livro das primaveras e Outonos”.


49. Como surgiu Li (a cultura) no Liji

No começo, li (civilização) surgiu com a comida e bebida. O povo assava milho e carne de porco, cortados à mão, em lascas de pedra aquecidas. Cavavam buracos no chão, à maneira de vasilhames, e bebiam diretamente nas conchas das mãos. Modelavam em barro seus tambores e as baquetas, materiais esses que parece terem-se provado à altura de seus cultos aos espíritos. Quando morria alguém, os parentes subiam ao telhado e gritavam bem alto, ao espírito: "Ahoooooo! Fulano, quereis fazer o obséquio de voltar ao vosso corpo?" (Se o espírito não voltava, e a pessoa estava realmente morta) então assavam arroz cru e carne assada para oferendas, levantavam a cabeça para o céu "a fim de ver longe" (wang) o espírito e enterravam o cadáver. O elemento material descia então (à terra) e o elemento espiritual subia (ao firmamento). Os mortos eram enterrados com a cabeça na direção norte, e os vivos tinham suas casas com o frontispício voltado para o sul. Tais eram os costumes primitivos.
Antigamente os governantes não possuíam casas; moravam em grutas escavadas ou em abrigos de madeira empilhada, no inverno, e em ninhos feitos com ramos secos (na copa de árvores) durante o verão. Não conheciam os usos do fogo; comiam frutos e a carne de aves e animais, bebendo-lhes o sangue. Não tinham sedas nem outros tecidos, vestiam-se com penas e peles de animais. Mais tarde vieram os Sábios, que lhes ensinaram a utilizar o fogo e a fundir metais em moldes de bambu e a modelar o barro em vasilhas. Então construíram galpões e casas com portas e janelas, e passaram a chamuscar e fumegar e cozer e assar a carne em espetos, e fabricaram o vinho e o vinagre. Começaram também a usar tecidos de fibras e sedas, preparando as vestes para uso dos vivos e oferendas aos mortos e cultos aos espíritos e a Deus. Tais práticas foram também herdadas dos primórdios. Por isso, guardava-se o vinho escuro no aposento interior, o vinho branco junto à porta do sul, o vinho tinto no vestíbulo e o vinho mosto do lado de fora. As oferendas de carnes eram então preparadas, e o tripé redondo e o vaso quadrangular postos em ordem, e os instrumentos de música - o chin, o sebo a flauta, o ching (pedra musical suspensa por um fio e batida como gongo), os guizos e tambores, tudo nos seus lugares, e a oração do sacrifício aos mortos e a de resposta dos mortos eram cuidadosamente elaboradas e lidas a fim de que os espíritos do céu e os dos ancestrais pudessem baixar ao lugar do culto. Todas essas práticas tinham o propósito de manter a devida distinção entre governantes e governados, preservar o amor entre pais e filhos, incutir a gentileza entre os irmãos, regular as relações entre superiores e subalternos, e estabelecer de parte a parte as condições de convívio entre marido e mulher, para que sobre todos pairasse a bênção do Céu. Preparavam-se então as lamentações do sacrifício. O vinho negro ou escuro era empregado nas libações, e o sangue e o pêlo dos animais era usado nas oferendas, e a carne crua colocava-se num vaso quadrangular. Também se oferecia carne assada; abria-se uma esteira no chão e cobriam-se os vasos com uma peça de tecido rústico, e as indumentárias que se vestiam para a cerimônia eram de seda. Os diversos vinhos, li e chien, carnes assadas e de fumeiro, também se usavam nas oferendas. O soberano e a rainha procediam ao oferecimento alternadamente, a fim de que os bons espíritos pudessem baixar e eles se integrassem no mundo oculto. Após os sacrifícios, propiciava-se então uma festa aos hóspedes, dividindo os cães e porcos e as reses e ovelhas da oferenda e distribuindo-os em vasilhames diversos. A oração aos mortos proclamava a gratidão e lealdade dos viventes, e a resposta dos mortos sugeria a sua contínua afeição aos vivos. Tal era o grandioso e abençoado sentido da li”.


50. O papel do indivíduo na estruturação da sociedade, no Daxue (Grande Estudo)

As coisas têm suas raízes e seus ramos. Os assuntos têm fim e começo. Conhecer o que é primeiro e o que é último, levará ao que é ensinado na Grande Estudo.
Os antigos, que desejavam dar exemplo da virtude ilustre em seu reino, começaram por bem ordenar seus próprios Estados. Desejando ordenar bem seus Estados ordenaram primeiro suas famílias. Desejando ordenar suas famílias, cultivaram antes suas pessoas. Desejando cultivar suas pessoas, primeiro corrigiram seus corações. Desejando corrigir seus corações, primeiro trataram de ser sinceros em seus pensamentos. Desejando ser sinceros em seus pensamentos, primeiro ampliaram ao máximo o seu conhecimento. Essa extensão do conhecimento baseia-se na investigação das coisas.
Uma vez investigadas as coisas, seu conhecimento tornou-se completo. Sendo completo seu conhecimento, seus pensamentos foram sinceros. Sinceros que foram seus pensamentos, seus corações corrigiram-se. Corrigidos os corações, suas pessoas foram cultivadas. Cultivadas que foram suas pessoas, ordenaram-se-lhes as famílias. Ordenadas suas famílias, foram justamente ordenados seus Estados. Justamente governados seus Estados, todo o reino viveu tranqüilo e foi feliz.
Desde o Filho do Céu até a massa do povo, todos devem considerar o cultivo da pessoa como a raiz de todas as outras coisas.
Quando a raiz é descuidada, não pode o que dela nasce ser bem ordenado. Nunca se deu o caso daquilo que tem grande importância ter sido cuidado levianamente, e, ao mesmo tempo, tenha sido objeto de grandes cuidados aquilo que tem pouca importância

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